Aumentar a diversidade e a inclusão no ambiente de trabalho passou a ser prioridade para muitas empresas nos últimos anos. E a prova mais clara disso é que a divulgação de vagas de ações afirmativas cresceu em mais de 56% entre 2020 e 2021.
O dado, que faz parte de um levantamento feito pelo Vagas.com, deixa claro que a divulgação de oportunidades de emprego destinadas a grupos historicamente minorizados é uma estratégia fundamental para o alcance desse objetivo.
Quer entender melhor qual é o impacto que as vagas de ação afirmativa podem gerar na sua empresa, desde o recrutamento e seleção, e como colocá-las em prática? Então aproveite o conteúdo que preparamos sobre o assunto. Boa leitura!
O que são ações afirmativas?
Antes de falarmos sobre as vagas de ações afirmativas propriamente ditas, vamos entender o que esse conceito significa de forma mais abrangente?
Em linhas gerais, as ações afirmativas são políticas públicas e privadas que visam diminuir a desigualdade social e econômica entre grupos da sociedade que foram privados de acesso a oportunidades.
O principal objetivo por trás dessa iniciativa é, portanto, corrigir erros históricos ao favorecer grupos de indivíduos que foram e continuam sendo discriminados, seja por questões étnicas, raciais, de gênero ou religiosa.
Embora grande parte das ações nesta frente seja empreendida pelos governos, elas também podem e devem acontecer no ambiente corporativo. E o exemplo mais claro disso são justamente as vagas afirmativas.
Tipos de ações afirmativas
As ações afirmativas podem ser encontradas em muitos âmbitos da nossa vida. Aliás, é bem provável que você já tenha ouvido falar de pelo menos uma delas sem saber do que se trata.
Veja alguns exemplos de ações afirmativas e tire a prova:
- Bolsas de estudos e auxílio estudantil;
- Redistribuição de terras;
- Inclusão social de pessoas com deficiência (PcD) ao mercado de trabalho;
- Auxílios do governo, como o Auxílio Brasil (ex-Bolsa Família);
- Determinação de cotas mínimas de participação na política, bem como em diversos níveis de ensino;
- Proteção ao estilo de vida de povos tradicionais, como os indígenas e quilombolas.
E aí, se lembrou de alguma delas? Apostamos que sim!
Como você deve ter percebido, as ações afirmativas são super importantes, já que desempenham o papel fundamental de combater a desigualdade social e a segregação.
Dito isso, vamos enfim nos aprofundar no papel das empresas nessa história!
O que são vagas de ações afirmativas, por sua vez?
As vagas de ações afirmativas são um tipo de política que as empresas podem adotar para garantir a equidade de oportunidades no local de trabalho e, consequentemente, apoiar a diversidade e inclusão internamente.
Em outras palavras, elas nada mais são do que vagas de trabalho destinadas exclusivamente a grupos e minorias que tendem a sofrer discriminação no mercado de trabalho, como:
- Pessoas pretas e indígenas;
- Pessoas da comunidade LGBTQIAP+;
- Pessoas com deficiência (PcD);
- Pessoas com mais de 40 anos;
- Mulheres.
Em muitos casos, as vagas de ações afirmativas são um desdobramento do estabelecimento de metas de diversidade.
Isso ocorre quando, por exemplo, uma empresa formada majoritariamente por homens estabelece como meta ampliar a força de trabalho feminina em 40% dentro de um determinado período de tempo.
Vale pontuar que as organizações estão cobertas pela lei para destinarem suas os processos de recrutamento e seleção para grupos minorizados.
Elas são apoiadas, principalmente, pela Constituição Federal de 1988, pelo Estatuto da Igualdade Racial e pelo Decreto 9.571/18, que incentiva a responsabilidade social por parte das empresas, com o intuito de combater desigualdades.
Qual a importância das vagas de ações afirmativas no ambiente de trabalho?
As vagas de ações afirmativas são importantes por inúmeros motivos.
Em primeiro lugar, elas são essenciais para reverter o cenário de desigualdade e preconceito que se faz presente tanto no mercado de trabalho quanto na sociedade como um todo.
Para que você possa entender mais sobre esse contexto, dê só uma olhada em alguns dados recentes:
- Segundo dados do último censo realizado pelo IBGE, PcD ocupam apenas 1% das vagas de emprego formal no Brasil;
- Homens e mulheres negros ainda não minoria em cargos de liderança no país, ocupando menos de 3% das posições de diretoria ou gerência;
- A cada cem empregos com salário mensal superior a 20 salários mínimos, apenas 30 são ocupados por mulheres;
- De acordo com a Associação Nacional de Travestis Transexuais (Antra), apenas 4% das pessoas trans têm emprego formal.
Em contrapartida, já está mais do que comprovado que investir em diversidade pode trazer muitas vantagens competitivas para as empresas, tanto em níveis de produtividade e engajamento quanto em lucratividade.
Um levantamento feito pela McKinsey & Company, por exemplo, mostrou que empresas com diversidade étnica e racial possuem 35% mais chances de ter rendimentos acima da média do seu setor. Aquelas preocupadas com diversidade de gênero, por sua vez, chegam a ser 21% mais lucrativas.
Além disso, um estudo da revista Psychology Today mostrou que há uma relação direta entre um ambiente de trabalho diverso e inclusivo e o bem-estar dos funcionários.
Como construir vagas de ações afirmativas?
Agora que você já sabe por que as vagas afirmativas são importantes, chegou a hora de entender como montar um processo seletivo que preze pela diversidade e inclusão. Bora?
Antes de irmos para as dicas, vale um lembrete: a seleção de candidatos para vagas afirmativas segue estratégias de recrutamento padrão.
O que muda é o foco da vaga, que será aberta exclusivamente para um grupo específico. Mas o objetivo final continua sendo o mesmo: encontrar a pessoa com o perfil mais adequado para o cargo.
Dito isso, confira alguns pontos que podem contribuir para que você chegue ao talento ideal:
1. Foque nas responsabilidades reais da função
Incluir uma lista enorme de condições na descrição da vaga pode afastar bons candidatos. Por isso, é importante concentrar-se nos requisitos que são realmente importantes para o desempenho da função.
Seguindo essa linha de pensamento, muitas empresas já têm, por exemplo, deixado de exigir a proficiência em inglês no currículo – exceto nos casos em que o segundo idioma é realmente necessário, claro.
2. Use linguagem inclusiva na descrição da vaga
Se você deseja atrair um público específico para a sua empresa, precisa se comunicar adequadamente com ele. E é aí que o uso da linguagem inclusiva entra em ação (não apenas nas descrições de vagas, mas em toda a comunicação organizacional!).
Vamos supor que a sua empresa decida abrir um processo seletivo focado na contratação de pessoas negras, mas que inclua todas as identidades de gêneros. Ao invés de usar “candidatos” na comunicação, você pode optar por “pessoas candidatas”.
3. Realize uma triagem baseada em pontos específicos
Aqui no blog da Feedz, nós já falamos várias vezes sobre as vantagens de usar a tecnologia no RH. E, quando se trata de preencher vagas de ações afirmativas, as inovações tecnológicas também são bem-vindas.
Já existem desde ferramentas que disponibilizam informações de raça, gênero e deficiência para serem selecionadas durante a aplicação, até soluções que contam com uma triagem de currículos baseada na autodeclaração racial, de gênero ou orientação sexual.
Vale à pena saber mais sobre elas!
4. Atente-se para perguntas que podem ser discriminatórias
Conforme as pessoas candidatas forem sendo aprovadas nas etapas do recrutamento e seleção, em algum momento elas chegarão à entrevista de emprego. Nesta hora, alguns cuidados também são importantes.
O principal ponto de atenção é com relação ao uso de perguntas irrelevantes, que podem ser vistas como discriminatórias.
Um exemplo clássico é perguntar para uma candidata mulher se ela tem filhos, se está planejando ter ou como vai administrar os cuidados infantis.
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Gostou desse conteúdo e quer continuar se aprofundando na temática de ações afirmativas? Então assista ao webinar que a Feedz promoveu recentemente, tendo como foco processos seletivos para pessoas negras! 👇