À medida que as empresas tentam controlar os custos e melhorar a eficiência operacional, práticas de gestão de pessoas estão ganhando novas dimensões. Uma delas é o chamado stealth firing.
Trata-se de um modelo de demissão conhecido em diversos ambientes corporativos. Inclusive, já foi adotada por empresas como Meta e EY.
Como você verá a seguir, a prática é sutil, mas pode causar grandes danos. Para entender melhor o que é stealth firing, os impactos e como o RH pode preveni-lo, continue a leitura.
O que é stealth firing?
Stealth firing é um termo usado para descrever a demissão de funcionários por causa de contravenções menores que, no passado, não seriam punidas.
A estratégia é utilizada como uma desculpa por empresas que querem reduzir o número de funcionários e/ou cortar custos.
Em português, o termo pode ser traduzido como demissão furtiva ou dispensa ética. Um exemplo de empresa que adotou a prática vem da Meta.
Em outubro de 2024, a companhia demitiu mais de 20 funcionários por usarem seus vales- refeição de US$ 25 para comprar, regularmente, itens fora das regras, incluindo detergente e produtos para cuidados pessoais.
Já a EY desligou colaboradores que estavam “trapaceando” ao fazerem vários cursos de treinamento ao mesmo tempo.
Aliás, o termo foi cunhado pelo The Financial Times, que foi a primeira mídia a relatar as demissões na EY.
Um outro conceito relacionado à demissão – e que também é conhecido – é o quite quitting. No entanto, destacamos que há diferenças entre eles.
Isso porque no quiet quitting o colaborador reduz seu esforço e engajamento no trabalho, enquanto no stealth firing a empresa desliga o colaborador por motivos menores.
Por que o stealth firing acontece?
Geralmente, organizações que adotam o stealth firing o fazem porque passam por uma reestruturação. Nesse caso, necessitam reduzir custos e/ou aumentar a eficiência operacional.
Para não parecerem erradas aos olhos do público por realizarem uma demissão em massa, por exemplo, e para evitar críticas, elas optam por fazer cortes de pessoas que de alguma maneira ferem a ética corporativa.
Sendo assim, algo importante sobre a demissão furtiva é que, para as empresas adotarem a prática, os funcionários precisam ter agido contra o código de conduta ou as políticas da companhia.
Impactos do stealth firing no ambiente de trabalho
No ambiente de trabalho o stealth firing traz impactos negativos para os dois lados, ou seja, empregado e empregador. Entenda:
Efeitos para o colaborador:
- Desmotivação, estresse e danos à saúde mental: os colaboradores passam a ter uma sensação de insegurança, pois sentem que uma pequena falha pode ser motivo para um desligamento. O medo constante de ser demitido leva ainda ao estresse e afeta a saúde mental, podendo causar ansiedade e depressão.
- Perda de confiança em lideranças e colegas: o stealth firing cria um clima de desconfiança no ambiente de trabalho. Os funcionários não têm certeza em quem podem confiar e têm a sensação de que estão sendo constantemente observados e analisados.
Efeitos para a empresa:
- Aumento do turnover e impacto negativo na reputação: colaboradores demitidos por causas menores podem espalhar relatos negativos sobre a empresa, tanto em redes sociais quanto em plataformas de avaliação, o que impacta diretamente a capacidade da organização de atrair novos talentos.
- Queda na produtividade e no engajamento das equipes: a insegurança quanto ao futuro na empresa leva a uma queda na motivação, o que leva à queda na produtividade e no engajamento.
Como identificar sinais de stealth firing na empresa
Muitas vezes, o stealth firing é uma prática adotada de forma isolada e silenciosa pela liderança. É importante o RH identificá-la o quanto antes para evitar danos no ambiente de trabalho.
Confira três sinais de alerta:
Mudança repentina no comportamento da liderança
Geralmente, os líderes que aderem ao stealth firing mudam o comportamento: de acessíveis passam a ser mais distantes. Eles também começam a criticar pequenas atitudes negativas como se fossem extremamente graves.
Em outras palavras, deixam de ser flexíveis e passam a assumir uma postura mais rígida.
Falta de feedback ou exclusão de projetos estratégicos
Um dos sinais que pode indicar que algum colaborador está sendo alvo de stealth firing é quando ele é excluído de projetos importantes ou quando, de repente, sua opinião parece não ter mais tanta relevância.
Outro indicativo é quando um líder que costumava dar feedback regulares opta por não continuar com a prática.
Relatos de colaboradores sobre tratamento desigual
Colaboradores que relatam serem alvos de regras que não se aplicam aos demais ou que sofrem punições desproporcionais, pode significar que o líder está considerando a demissão ética.
Como o RH pode prevenir o stealth firing?
Empresas conhecidas por serem bons lugares para trabalhar sabem que os seus funcionários são seres humanos e, portanto, merecem ser tratados como tal.
Com isso em mente, para impedir essa forma de demissão lembre-se de focar na transparência na comunicação e nas expectativas.
Deixe claro a todos que sempre que alguém não corresponder às expectativas é preciso informar essa pessoa respeitosamente. A prática de feedback contínuo é uma ótima maneira de colocar todos na mesma página e evitar frustrações.
Ao receberem um retorno regularmente, os profissionais se expressam sobre suas dificuldades e também entendem o que precisam melhorar (e o que podem estar fazendo de errado).
E para não pegar ninguém de surpresa com a demissão furtiva, algo crucial é ter uma política de conduta e ética clara e acessível. Nela, informe o que acontece caso haja descumprimento de algum dos itens.
Por exemplo, no caso dos funcionários da EY que foram demitidos por assistirem treinamentos simultaneamente, como relatado aqui, eles disseram desconhecer as regras. Dê uma olhada o que diz a notícia:
“Vários dos funcionários demitidos expressaram descrença, argumentando que não sabiam que estavam quebrando nenhuma regra. Eles alegaram que sua intenção era apenas participar de sessões interessantes, com tópicos como ‘Quão forte é sua marca digital no mercado?’ e ’Conversando com IA, um prompt de cada vez’. As sessões faziam parte da exigência da EY para que os funcionários ganhassem 40 créditos de educação profissional continuada (CPE) anualmente.”
E o que a disse a EY? Segundo a empresa, participar de duas sessões simultaneamente constitui uma violação ética. Sendo assim, o funcionário é passível de demissão.
Por isso, a dica que damos é: seja claro quanto ao que pode e não pode na sua empresa!
Como a Feedz pode ajudar a prevenir práticas como stealth firing
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- Ferramentas de feedback contínuo:
- Acompanhe a performance e alinhe expectativas com transparência: com feedbacks contínuos, é possível monitorar o desempenho do colaborador e conversar com ele sobre alguma conduta que esteja tomando e que seja prejudicial ao seu futuro. Isso é importante para evitar que pequenos problemas escalem.
- Pesquisas de clima organizacional:
- Identifique sinais de práticas tóxicas antes que elas escalem: a pesquisa de clima mostra como a empresa e sua cultura são percebidas pelos funcionários. Com a plataforma da Feedz é possível identificar áreas críticas e saudáveis, filtrando por papel e período. Com isso, seu RH toma decisões informadas para melhorar o ambiente de trabalho.
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- Gere insights que ajudam líderes a tomar decisões éticas e baseadas em dados: os relatórios da Feedz permitem identificar padrões de comportamento e áreas que precisam de atenção, promovendo uma gestão mais justa e eficaz.
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