O mundo está mudando, assim como o trabalho e as demandas por profissionais com diferentes habilidades e características. As soft skills se destacam nesse contexto como um fator que pode ser decisivo na hora da contratação e também para o sucesso dos times e para a entrega de resultados.
Cada dia mais, as habilidades emocionais influenciam na forma como nós enxergamos o mundo, no desenvolvimento profissional e nos relacionamos com as pessoas. No ambiente de trabalho, elas podem influenciar (e muito) no desempenho dos colaboradores, bem como no bem-estar pessoal e na realização profissional.
O que são soft skills?
Soft skill é um termo em inglês que se refere às habilidades interpessoais das pessoas. Baseada na inteligência emocional, o termo abrange características comportamentais e competências subjetivas, tornando a avaliação desses traços um procedimento particularmente relativo e difícil.
Para entender melhor as soft skills, podemos fazer o caminho contrário e entender o que são as hard skills. Hard skills são habilidades e competências técnicas facilmente mensuráveis.
Por exemplo, o nível de fluência em algum idioma estrangeiro, a habilidade de operar softwares específicos (como o pacote Office, o Photoshop, CorelDraw etc.) e até mesmo o domínio teórico e prático sobre assuntos como contabilidade ou direito.
Já as soft skills são o oposto disso. Elas constituem traços e características que não conseguimos medir com tanta facilidade. Dá uma olhada nesses exemplos de soft skills:
- criatividade;
- resiliência;
- liderança;
- flexibilidade;
- empatia;
- resolução de conflitos;
- proatividade;
- organização;
Agora ficou fácil, né?
Por que as soft skills são importantes?
As soft skills trazem benefícios para as empresas pois realçam características que podem trazer inovação para os produtos e serviços oferecidos e até mesmo para os processos internos da organização.
Desde a era primitiva, os homens e mulheres desenvolveram habilidades manuais e de força. Isso permitiu nossa sobrevivência e evolução enquanto espécie por centenas de milhares de anos.
Até durante as revoluções agrícolas e industriais, essas características predominaram quando o assunto era trabalho. Era preciso força e aptidão manual para trabalhar nos campos e nas fábricas.
Há não muito tempo atrás, isso tudo mudou. E tem mudado cada vez mais rápido. As habilidades intelectuais vêm substituindo as manuais, e as características emocionais estão ganhando mais espaço no âmbito profissional.
Isso tudo faz com que aspectos como o espírito de liderança e a criatividade sejam valorizados e estimulados no ambiente de trabalho, trazendo benefícios para a empresa e para os colaboradores.
“Conforme estruturas organizacionais evoluem e a globalização acelera, essas soft skills serão mais cruciais que nunca.” — Daniel Goelman
Com a transformação digital e um mundo cada vez mais acelerado, é preciso saber identificar e valorizar características intrínsecas nas pessoas, aquelas que elas acreditam ter e também aquelas que, algumas vezes, preferem esconder.
Um RH analítico e ligado nas tendências deve dar a devida importância para as soft skills, bem como conseguir identificá-las nos colaboradores e candidatos aos processos seletivos.
Como as soft skills influenciam na contratação
Com a entrada dos Millennials no mercado de trabalho, os processos seletivos e contratações precisaram se adaptar.
A necessidade de analisar comportamentos e características da personalidade faz com que os recrutadores atuem quase como psicólogos.
Além do employer branding, que precisa estar muito bem desenhado para atrair os melhores talentos, os RHs e gestores também precisam estar mais atentos e serem mais analíticos.
Em um estudo realizado com 450 lideranças e outros 450 jovens ao redor do mundo concluiu que 75% dos jovens não estão prontos para o trabalho após a contratação.
Mas não se engane, pois a pesquisa também mostra que esses jovens possuem as qualificações técnicas necessárias, conhecimento e até domínio nas suas áreas de atuação.
Mas o que pega é a capacidade de se relacionar com o grupo e de se inserir em um meio, afetando a motivação, a saúde emocional e, consequentemente, a produtividade e performance do novo colaborador. Sobre a pesquisa, Daniel Goelman, conselheiro sênior da Egon Zehnder, diz:
“Na maioria dos casos, os contratados são inteligentes, ambiciosos e sabem usar tecnologia. Provaram que conseguem fazer o trabalho. São comprometidos e apaixonados pela ideia de ascender na carreira. Então o que falta nesses profissionais? Falta comportamentos e técnicas que melhorem sua relação com os outros.” — Daniel Goelman
O estudo corrobora com o fato de que as soft skills estão ganhando força, principalmente em um cenário marcado pela transformação das relações de trabalho e mudança nas características, habilidades e competências dos mais jovens.
Como criar processos seletivos que priorizem as soft skills?
Beleza, agora que você já sabe o que são soft skills e quais seus impactos dentro de uma organização, chegou a hora de entender na prática como criar processos seletivos que levem em consideração essas características.
Isso fará com que haja contratações mais acertadas e, consequentemente, reduzirá o turnover e os custos com processos seletivos e capacitação.
Além disso, contratar pessoas que tenham fit cultural com a empresa e habilidades emocionais bem desenvolvidas faz com que haja mais engajamento, impulsionando a rampagem do novo colaborador e a motivação de todo o time.
Veja alguns dos pontos para os quais você deve atentar na hora de criar e executar um processo seletivo:
Trabalho em equipe
Em um processo de contratação é importante criar mecanismos para avaliar as habilidades de trabalho em equipe do(a) candidato(a).
Elaborar dinâmicas, estimular a competição e incentivar a construção coletiva de ideias são caminhos que facilitam a análise de características socioemocionais que sobressaem quando a pessoa é inserida em um grupo.
O espírito de liderança também pode ser avaliado nessa hora, assim como a habilidade de escuta ativa e empatia.
Adaptabilidade
A resiliência é um valor extremamente ligado à adaptabilidade, sendo essa uma característica um pouco mais difícil de avaliar.
Quando uma situação não ocorre como o esperado, a flexibilidade é um valor que pode ajudar a pessoa a sair daquela situação de maneira criativa e positiva.
A adaptabilidade pode ser medida através de perguntas sobre como o candidato se sentiria tendo que realizar um trabalho fora do escopo do seu cargo, por exemplo.
Com a resposta, é possível identificar o quão flexível ela é e o quão disposta está a aprender coisas novas e impulsionar o desenvolvimento da empresa e do time.
Gerenciamento de tempo
Uma das características mais importantes nos dias de hoje é a capacidade de se concentrar e focar em uma só tarefa.
Especialmente com a entrada da nova geração no mercado de trabalho, o gerenciamento do tempo se tornou um fator importantíssimo a ser avaliado na hora da contratação.
Isso pode ser feito estipulando um prazo ou tempo para entrega de testes, ou mesmo listar algumas tarefas e ver em quanto tempo ele/ela consegue finalizar as demandas.
Comunicação
Uma boa comunicação pode reduzir (e muito) as falhas nos procedimentos e fluxos de trabalho.
A capacidade de se comunicar de maneira clara, objetiva e eficiente faz com que o trabalho esteja alinhado entre todos do time, aumenta o engajamento entre os colaboradores e reduz as falhas de comunicação que podem gerar insatisfação e desmotivação.
Essa característica não tem muito mistério para ser avaliada. É possível perceber a habilidade de comunicação desde o primeiro contato da pessoa com a empresa, por e-mail, pelo currículo e, principalmente, na entrevista.
Data-driven
Apesar desse palavrão em inglês, o conceito de data-driven é bastante simples de entender. Podemos traduzir este conceito para “orientação por dados” ou “orientação por resultados”.
É a capacidade que uma pessoa tem de ser analítica para entender e medir o impacto de suas ações através dos números.
Principalmente em startups, onde o crescimento é rápido e os recursos não tão abundantes, é preciso fazer mais com menos, por isso o conceito de data-driven é muito utilizado.
Em uma contratação, pode-se avaliar se o(a) candidato(a) tem raciocínio lógico para interpretar um grande volume de dados e o impacto real por trás dos números.
Como desenvolver soft skills
Uma coisa é quase certa: estamos nos encaminhando para uma realidade em que as habilidades emocionais e comportamentais serão decisivas na hora de uma contratação, e aqueles que não as possuírem poderão ficar para trás.
Com cada vez mais pessoas tendo acesso à educação e formação, as soft skills serão o diferencial entre uma pessoa preparada para o mercado de trabalho e um profissional que até pode ser capacitado, mas que não tem inteligência emocional para ocupar a vaga.
Mas calma, calma. Quem falou que as habilidades emocionais não podem ser aperfeiçoadas? É difícil encontrar alguém que possua todas as habilidades comportamentais extremamente desenvolvidas. É comum que uma ou outra sempre se sobressaiam, mas ainda é possível aprender e desenvolver as outras.
Crie ações de incentivo
Quando a inteligência emocional e as habilidades comportamentais são faladas abertamente na empresa, além de fortalecer a cultura organizacional, isso faz com que os colaboradores se interessem sobre o assunto e que o desenvolvimento dessas habilidades aconteça de forma natural e orgânica.
O primeiro passo para que essas características se desenvolvam dentro da organização é criar campanhas de treinamento, dar palestras sobre o assunto e estimular que as pessoas troquem ideias sobre soft skills. Isso vai incentivar as pessoas a buscarem o desenvolvimento por conta própria, uma vez que conseguem perceber as vantagens delas para a rotina do trabalho.
Saiba medir as soft skills
Você já deve saber que essa tal de People Analytics veio pra ficar, né? Muitos autores e estudiosos dizem que essa é uma tendência na gestão de pessoas, visto que estamos em um mundo onde todas as ações devem ser orientadas por dados para comprovar sua eficiência.
Com as soft skills isso não deve ser diferente. É preciso criar medidas para mensurar e tornar as habilidades comportamentais factíveis e palpáveis. Planos de desenvolvimento individual e avaliações de desempenho 360º são ferramentas que ajudam no desenvolvimento dessas habilidades e você pode utilizar ferramentas como a Feedz para manter o histórico e os dados em um só lugar.
Crie uma cultura de feedback
O feedback, por si só, já é um recurso que causa um pouco de receio, tanto para quem dá quanto para quem recebe. Quando o assunto é comportamento, então… Aí é que o medo se instaura. Quantas vezes nós gostaríamos de dar um toque sobre algum comportamento que o outro poderia melhorar e não tivemos coragem. Você lembra?
Por este motivo, criar uma cultura sólida onde o feedback seja parte cotidiana da organização, quase que como uma tarefa diária, faz com que estes comportamentos sejam facilmente percebidos pelos colaboradores e ajustados a partir do feedback de colegas e gestores.
É fundamental criar um ambiente seguro, onde as pessoas tenham empatia e zelo na hora de dar e receber feedbacks. Contar com a tecnologia também pode facilitar, neste caso. Você pode criar um programa onde os feedbacks devem ser enviados periodicamente por e-mail ou contar com uma ferramenta que insira o feedback profundamente na cultura da empresa, como a plataforma da Feedz.
Transforme pelo exemplo
Assim como criar ações de incentivo ao desenvolvimento das soft skills, é preciso saber liderar essa transformação através do exemplo. Se trazer a discussão e o debate sobre inteligência emocional é o primeiro passo, podemos afirmar que dar o exemplo é o segundo.
As pessoas são mais facilmente convencidas quando conseguem ver na prática a transformação acontecer. De nada adianta o RH criar medidas para incentivar as soft skills se não dá o exemplo. Isso pode fazer com que as ações percam credibilidade e não tenham o efeito esperado.
Coloque em prática
Aprender sobre soft skills é um passo fundamental para as pessoas terem mais autoconhecimento e buscarem se aperfeiçoar. Para isso acontecer de maneira efetiva, é preciso usar a criatividade para testar na prática essas habilidades.
A criatividade é uma grande aliada. Pense em maneiras de sair do ambiente de trabalho, como promover gincanas ou olimpíadas esportivas. Além de estimular a integração e um estilo de vida mais saudável, você também incentiva o trabalho em equipe e a competitividade amistosa.
Resumo sobre as soft skills
Bom, chegando ao final do nosso artigo, podemos concluir algumas coisas. Confere aí o checklist para ter certeza de que você conseguiu absorver o máximo de informação do texto:
- as soft skills são habilidades com cada vez mais demanda no mercado;
- o RH deve olhar com atenção para elas, desde o processo de recrutamento e seleção;
- é preciso saber desenvolver as soft skills dentro do ambiente de trabalho;
- as soft skills têm capacidade de transformar as relações interpessoais e a cultura das organizações;
- empresas que se preocupam com as soft skills sairão na frente da concorrência, pois são mais propensas à inovação.
Curtiu o nosso conteúdo? Comenta aqui embaixo o que você achou e quais as ações que você está tomando para que as soft skills sejam olhadas com mais cuidado na sua empresa e não deixe de baixar nosso checkilist de admissão e onboarding.