O mercado de trabalho, assim como qualquer outra área da vida, passa por ciclos. Houve um tempo, por exemplo, em que os candidatos a uma vaga buscavam apenas pelo pagamento e sequer pensavam em salário emocional.
Mas a verdade é que este período passou e, hoje, as pessoas buscam sim por um bom pagamento no fim do mês, mas também esperam mais das empresas que as contratam. Afinal, elas passam cerca de 1/3 da vida em seus empregos.
É fato: os colaboradores querem que o trabalho venha acompanhado de qualidade de vida e é aí que o salário emocional entra em cena como uma estratégia para suprir esse “algo mais” que muitos anseiam.
Quer entender de que forma você e sua empresa podem colocar em prática o conceito de salário emocional? Então fique com a gente até o fim deste texto! 😉
O que é um salário emocional?
O nome é bastante sugestivo. “Salário Emocional” refere-se a tudo aquilo que a empresa oferece aos seus colaboradores, mas que não se encaixa como benefício estritamente monetário.
Para exemplificar melhor, vamos fazer um exercício simples…
Responda a pergunta: se você mudasse de emprego hoje, sentiria falta do que no seu atual trabalho? Ao responder, esqueça o dinheiro que recebe no fim do mês.
A sua resposta poderia ser, por exemplo, o horário flexível, a sua possibilidade de trabalhar home office ou até mesmo o ambiente de trabalho saudável que o empregador oferece. Percebeu como não se trata apenas de “receber o dinheiro”?
No geral, o salário emocional contribui significativamente para aumentar o sentimento de pertencimento do profissional para com a empresa.
Além disso, ele contribui para a felicidade do indivíduo como ser humano, dando apoio para o seu desenvolvimento profissional e pessoal.
A somatória desses elementos, por sua vez, contribui para o aumento da produtividade e do engajamento dos colaboradores no trabalho. Falaremos sobre isso mais pra frente!
Um salário emocional não compensa um salário ruim
No decorrer do texto, vamos explicar a importância e os benefícios de oferecer um bom salário emocional aos colaboradores. Mas, antes disso, queremos fazer um alerta: o salário emocional não compensa uma remuneração financeira ruim.
Prova disso é que, até hoje, a busca por um salário melhor segue sendo um dos principais motivos que levam um bom profissional a pedir demissão.
Não se esqueça: a saúde financeira é muito importante. Sendo assim, o salário emocional deve ser algo complementar ao que já é tido como básico pelos cidadãos para que realmente traga as vantagens esperadas.
Benefícios do salário emocional para as empresas e para os colaboradores
O que se espera como resultado após a implantação do salário emocional é impactar a vida do colaborador dentro e fora da empresa. E isso, consequentemente, também aumenta a competitividade no mercado de trabalho.
Quando uma empresa oferece boas condições de trabalho, há diferentes pontos que são potencializados, como:
1. Melhoria no bem-estar psicológico
O salário emocional passa pela oferta de um conjunto de elementos e práticas que proporcionam segurança, conforto, tranquilidade e satisfação a um indivíduo. O que, por sua vez, reflete na saúde mental dele.
Isso é importante por muitos motivos…
Por exemplo: ao ver que a empresa se preocupa com seu bem-estar e necessidades ou, então, quando é possível contar com um ambiente de trabalho acolhedor, os colaboradores tendem a se sentirem menos estressados e mais motivados.
2. Retenção de talentos
Segundo uma pesquisa realizada em 2021 pela Randstad, 81% dos brasileiros buscam por mais equilíbrio entre vida profissional e pessoal – porcentagem superior à média global, de 67%.
Aí, mais uma vez, o salário emocional pode ser um grande aliado: ao oferecer condições que favoreçam esse equilíbrio (como flexibilidade de horário e home office) há grandes chances de a empresa reter seus talentos por mais tempo e diminuir a rotatividade de funcionários.
3. Evolução constante do time
Ao oferecer, no escopo de salário emocional, maneiras de o colaborador aprender ou se aperfeiçoar, a empresa não apenas mostra ao profissional que ele tem futuro ali dentro como também garante a capacitação contínua da mão de obra.
E ah: aprimorar as habilidades do time e incentivá-los a desenvolver novas competências é a chave para conseguir lidar com as constantes mudanças que marcam o mundo dos negócios atualmente.
4. Aumento do engajamento e produtividade
Toda empresa, não importa o segmento, em algum momento de sua história precisará pensar sobre o aumento de salário de seus empregados. Quando não há maneiras de fazê-lo, o salário emocional pode ser uma carta coringa.
Ele acaba se transformando em uma maneira de recompensar o trabalhador pelo esforço e mantê-lo motivado. E colaboradores motivados, por sua vez, tendem a darem o seu máximo.
Mas, lembre-se: assim que possível, os benefícios financeiros devem ser revistos pela empresa, pois, como já dissemos, o salário emocional não se sustenta sozinho!
10 elementos que norteiam o salário emocional
Está curioso para saber como o salário emocional pode ser percebido na prática e no dia a dia, não está? Antes de te dar exemplos mais tangíveis, vamos aos elementos que norteiam este conceito.
Segundo a mexicana Marisa Elizundia, consultora em gestão de RH e criadora do “Barômetro do Salário Emocional”, esse conceito é definido por 10 fatores principais:
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- Autonomia: é a permissão para que o colaborador seja capaz de gerenciar seus próprios projetos ou tempo;
- Pertencimento: o objetivo é fazer com que o profissional se sinta valorizado e estimado;
- Criatividade: dê a possibilidade de o colaborador demonstrar sua criatividade e deixar a própria marca em seu trabalho. Assim, ele poderá se diferenciar dos demais;
- Direção: é importante esclarecer ao colaborador até onde ele pode chegar dentro da empresa. Ter ferramentas que o façam enxergar onde ele está e onde poderá chegar a médio e longo prazo é fundamental;
- Prazer: no trabalho, o colaborador deve ter espaço e capacidade para rir e aproveitar o momento;
- Domínio: quando o colaborador sente que fez um trabalho bem-feito, ou seja, que ele domina a atividade, isso o estimula a buscar sempre por melhorias;
- Inspiração: permita que o time seja inspirado por alguém ou algo. São os momentos inspiradores que abrem um mundo de possibilidades;
- Crescimento pessoal: estimular a capacidade do time em aprender com os próprios erros os fará crescer como seres humanos;
- Crescimento profissional: em complemento, permitir que eles usem os próprios talentos, pontos fortes e habilidades, os fará serem profissionais melhores;
- Sentimento de propósito: ter propósito é saber aonde se quer chegar, o que quer conseguir… Quando uma empresa tem seu propósito alinhado ao de seus colaboradores, a felicidade ao trabalhar é mais facilmente reconhecida.
7 Exemplos de salário emocional para colocar em prática
Agora que você já conheceu os 10 princípios que norteiam o salário emocional, vamos listar abaixo alguns exemplos de ações que colaboram com esse conceito:
- Treinamento e desenvolvimento contínuo das equipes;
- Oferta de horário de trabalho flexível;
- Convênios com creches e academias;
- Ambiente de trabalho saudável;
- Programas de reconhecimento;
- Planos de carreira bem estruturados;
- Comunicação assertiva e clara dentro da empresa.
É claro que todos os exemplos da lista geram, de alguma forma, um custo à empresa. No entanto, o retorno deste investimento pode ser rapidamente observado a partir dos benefícios que já apresentamos: retenção de talentos, aumento da produtividade e muito mais!
Como implementar salário emocional?
Implementar o salário emocional em uma empresa pode ser um desafio para os profissionais da área de RH, já que ele depende de aspectos externos à organização, tais como os princípios e valores pessoais de cada colaborador.
Por isso, recomendamos que antes de qualquer coisa, a empresa certifique-se de que o perfil de contratação está alinhado e de que haja uma pesquisa prévia para entender a necessidade do time como um todo.
Lembre-se também de fechar o ciclo. Após a implantação das ações, recolha um feedback e acompanhe o funcionamento dos benefícios em questão, a fim de entender o que ainda pode ser melhorado.
E aí, bora colocar a mão na massa? 😎🚀
Uma resposta
Muito boa essa matéria. O salário emocional deveria ser implantado em todas as empresas. Sejam elas pequenas ou grandes, empresas com colaboradores motivados e valorizados é certeza de sucesso!!