A Reforma Tributária está trazendo mudanças importantes ao sistema fiscal brasileiro, impactando diretamente diversas áreas corporativas, incluindo os setores de Recursos Humanos (RH) e Departamento Pessoal (DP).
Com a substituição de tributos como PIS, Cofins, ISS e ICMS por novos modelos, como o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), as empresas enfrentam o desafio de adaptar seus processos internos para atender às novas exigências legais.
Essas alterações propostas prometem simplificar a tributação e aumentar a transparência no sistema fiscal, mas também impõem uma reavaliação dos cálculos relacionados à folha de pagamento, encargos trabalhistas e benefícios.
Nesse sentido, profissionais de RH e DP precisam se preparar para revisar as alíquotas, atualizar sistemas e ajustar políticas internas para garantir conformidade com as novas regras.
Além disso, há preocupações com possíveis aumentos na carga tributária em setores intensivos de mão de obra, o que pode afetar os custos operacionais das empresas.
Neste artigo, exploraremos os principais impactos da reforma tributária nos setores de RH e DP, destacando os desafios e as oportunidades que essas mudanças podem trazer para a gestão de pessoas e seus processos nas organizações.
Boa leitura!
O que é a nova reforma tributária?
A nova reforma tributária, implementada pela Emenda Constitucional 132/2023 e regulamentada pela Lei Complementar 214/2025, representa uma reestruturação no sistema tributário brasileiro.
Seu principal objetivo é simplificar a tributação sobre o consumo, substituindo cinco tributos (PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI) por dois impostos principais: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).
Além disso, foi criado o Imposto Seletivo para produtos nocivos à saúde ou ao meio ambiente.
A proposta da reforma é adotar um modelo de Imposto sobre Valor Agregado (IVA), alinhando o Brasil às práticas internacionais.
Resumão: o que muda em 2025 com a reforma tributária?
Em 2025, a reforma tributária entra em sua fase de testes, com a implementação gradual prevista para começar em 2026 e ser concluída até 2033.
Veja um resumo das principais alterações e seus impactos:
1. Principais mudanças aprovadas
Vamos começar falando do ponto chave: a unificação de tributos.
A emenda Constitucional consolidou diversos impostos em um único Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), visando simplificar a tributação sobre o consumo.
Outro ponto importante é a isenção de imposto de renda.
A nova legislação isenta do Imposto de Renda pessoas físicas que ganham até R$5.000 mensais, ampliando o limite anterior de R$2.824.
Essa medida busca beneficiar cerca de 10 milhões de contribuintes adicionais.
A tributação de dividendos também foi aprovada para acionistas de empresas que pagam taxas de imposto significativamente abaixo da média nacional.
Impactos para indivíduos
Para pessoas físicas, existem algumas mudanças importantes a mencionar.
A Isenção ampliada que citamos anteriormente, para trabalhadores com renda mensal de até R$5.000.
O imposto mínimo para altas rendas que estabelece um imposto mínimo de 10% para pessoas que ganham altos salários ou lucros elevados.
Isso significa que mesmo quem utilizava estratégias para pagar menos impostos agora terá que contribuir com pelo menos essa porcentagem.
Especificamente, essa tributação adicional será aplicada de forma progressiva a partir de rendimentos mensais superiores a R$50.000. Para rendas acima de R$100.000 mensais, a alíquota efetiva atingirá o teto de 10%.
A medida afeta cerca de 160 mil pessoas e busca tornar a tributação mais equilibrada.
Outro ponto importante é a revisão de isenções para pensionistas e vítimas de acidentes.
Explicando com detalhes: atualmente, pensionistas com doenças graves ou vítimas de acidentes que ganham mais de R$20.000 por mês recebem isenção de impostos.
Com a reforma, esse benefício será retirado para esses casos específicos, a fim de que todos contribuam, independentemente da condição de saúde ou aposentadoria.
Impactos para empresas
A Reforma Tributária traz mudanças importantes para as empresas, especialmente na forma como os impostos são cobrados e administrados.
Começando pela simplificação tributária. A criação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) unifica vários tributos em um só, reduzindo burocracia e custos administrativos para cumprir obrigações fiscais.
Também haverá ajustes na carga tributária. Isso quer dizer que empresas que dependem muito de mão de obra podem pagar mais ou menos impostos, dependendo das novas alíquotas e do uso de créditos tributários.
No que diz respeito a tributação de dividendos, empresas que hoje pagam menos impostos podem ter dividendos taxados, o que muda a forma como distribuem lucros para acionistas.
Quais setores serão mais impactados pela reforma tributária?
A Reforma Tributária terá impactos variados em diferentes setores econômicos, com alguns sendo mais afetados negativamente e outros beneficiados.
Abaixo estão os principais destaques:
Possíveis impactos negativos
Entenda as possibilidades e as possíveis mudanças para se preparar estrategicamente.
Setor de serviços
Áreas como tecnologia, saúde e educação podem enfrentar aumento nas alíquotas com a substituição do ISS pelo IBS.
As empresas intensivas em mão de obra terão custos maiores devido à eliminação de incentivos fiscais sobre a folha de pagamento.
Construção civil
O aumento nos custos de insumos e serviços exigirá revisão de contratos e cronogramas. A transição para o novo modelo tributário também pode gerar insegurança nos preços de materiais e na margem de lucro das construtoras.
Transportes e logística
O Imposto Seletivo sobre combustíveis pode aumentar os custos operacionais, afetando empresas de transporte de cargas e passageiros.
Apesar da simplificação tributária interestadual, o impacto nos combustíveis pode encarecer toda a cadeia logística.
Produtos de luxo e bebidas alcoólicas
O Imposto Seletivo também elevará significativamente os preços de joias, embarcações, veículos de alto padrão e bebidas alcoólicas, afetando a demanda nesses mercados.
Benefícios possíveis
Embora a reforma traga desafios para certos setores, ela também cria oportunidades de otimização tributária e crescimento para aqueles que conseguirem se adaptar rapidamente.
Agronegócio
Para esse setor, a isenção de impostos cumulativos reduzirá custos ao longo da cadeia produtiva.
Haverá também a redução de alíquotas para alimentos e insumos agrícolas tornando o setor mais competitivo no mercado interno e externo.
Indústria
No caso desse segmento, a simplificação tributária diminuirá custos operacionais, facilitando a logística e a produção.
Setores como o automotivo poderão manter benefícios fiscais estratégicos, como o Programa MOVER (Mobilidade Verde e Inovação) que oferece incentivos fiscais ao setor automotivo incluindo créditos tributários, isenção de imposto de importação e redução do IPI.
Educação e Saúde (parcialmente)
Alguns serviços essenciais terão alíquotas reduzidas ou isenções específicas, como no caso do transporte coletivo e determinadas áreas da saúde e educação.
Impactos para profissionais de RH e departamento pessoal
A Reforma Tributária trará mudanças na gestão de pessoas, exigindo que RH e Departamento Pessoal (DP) se adaptem para garantir conformidade fiscal e manter a competitividade da empresa no mercado de trabalho.
Entenda os principais pontos:
1. Revisão da folha de pagamento
Com a mudança na tributação sobre a folha, será necessário ajustar cálculos de encargos trabalhistas e revisar sistemas de pagamento.
Isso pode exigir atualizações em softwares de DP e maior integração com a área fiscal para evitar riscos e penalidades.
2. Gestão de benefícios
A tributação sobre vale-alimentação, previdência privada e participação nos lucros (PLR) pode sofrer alterações, forçando empresas a reavaliar pacotes de benefícios.
O desafio será equilibrar custos sem comprometer a atração e retenção de talentos.
3. Planejamento estratégico de pessoal
Mudanças nos encargos trabalhistas podem impactar decisões sobre contratação, terceirização e remuneração variável.
O RH precisará analisar novos modelos e propostas de trabalho, para otimizar custos sem perder eficiência.
4. Impacto na cultura organizacional
Com mudanças na carga tributária, algumas empresas podem precisar rever políticas de remuneração e reconhecimento.
Isso exigirá uma comunicação clara e eficiente com os colaboradores para evitar desmotivação e manter o engajamento dos colaboradores.
5. Treinamento e compliance
Equipes de RH e DP precisam se atualizar constantemente para garantir que as mudanças sejam implementadas corretamente.
Sendo assim, investir em capacitação e ferramentas especializadas será essencial para uma transição tranquila e sem riscos fiscais.
Diante dessas transformações, os profissionais de RH e DP terão um papel importante na adaptação das empresas, garantindo que as mudanças tributárias sejam incorporadas de forma estratégica e sustentável.
Incentivos fiscais para sustentabilidade e ESG
Empresas que investem em sustentabilidade podem aproveitar novos incentivos fiscais voltados para iniciativas ambientais e sociais.
Isso significa que ações como o uso de energia renovável, a redução de emissões de carbono e a inclusão social podem gerar redução de impostos ou créditos tributários.
Por exemplo, uma indústria que adota paineis solares para abastecer sua fábrica pode pagar menos impostos sobre a energia consumida. Da mesma forma, empresas que contratam profissionais em situação de vulnerabilidade ou investem em programas de reciclagem podem ter incentivos fiscais específicos.
Estes benefícios fortalecem a estratégia ESG (ambiental, social e governança) da empresa, tornando-a mais atrativa para investidores, consumidores e parceiros de negócios, além de melhorar sua reputação no mercado.
❗ Vale lembrar que a implementação dessas mudanças será gradual, com fases de transição iniciadas em 2026 e conclusão prevista para 2033, permitindo que indivíduos e empresas se adaptem ao novo sistema tributário.
Conclusão
A Reforma Tributária traz desafios e oportunidades para empresas de diferentes setores, exigindo adaptação estratégica para minimizar impactos.
Setores como serviços, construção civil e transportes podem enfrentar aumento de custos, enquanto agronegócio, indústria e exportação tendem a se beneficiar com a simplificação tributária e novos incentivos.
Além disso, as mudanças fiscais incentivam práticas mais sustentáveis e sociais, alinhando as empresas às diretrizes de ESG e tornando-as mais competitivas no mercado.
Para se preparar, é essencial que empresas e profissionais de RH e Departamento Pessoal revisem sua estrutura de encargos, benefícios e planejamento estratégico.
Com um cenário tributário em transformação, a chave para os próximos anos será a adaptação ágil, o acompanhamento contínuo das novas regras e a busca por estratégias inteligentes para otimizar tributos e custos trabalhistas.
Empresas que se anteciparem e compreenderem essas mudanças terão vantagem competitiva nos próximos anos.
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