O processo de recolocação profissional no mercado de trabalho é um desafio; de um lado temos empresas que buscam os melhores talentos e, do outro, profissionais que estão a procura de uma oportunidade de emprego, mas nem sempre o famoso “match” acontece, né?
Em tempos de crise econômica e demissões em massa, isso se torna ainda mais desafiador.
De acordo com os últimos dados do IBGE , no fim do segundo trimestre de 2022, a taxa de desemprego no Brasil atingiu cerca de 9,8 da população, um número alarmante, mas inferior em relação ao ano anterior, que era 14,5%.
De acordo com especialistas, o cenário tende a melhorar, mas os profissionais e as empresas precisam estar prontos para isso.
O que é recolocação profissional?
A recolocação profissional é um período em que o profissional está em busca de uma nova oportunidade de emprego.
Quando bem trabalhado e orientado, esse processo ajuda a ativar o networking e destaca o perfil e as habilidades da pessoa no mercado a fim de facilitar a contratação.
Pensando em trazer mais luz a esse assunto tão importante, convidamos a especialista em recolocação profissional Taís Targa, que também é psicóloga, palestrante e diretora da TTarga Carreira e Recolocação.
Acompanhe a entrevista! 👇😉
Como você enxerga o futuro do trabalho no Brasil para quem deseja recolocação profissional?
Taís Targa: “Eu vejo com otimismo as oportunidades de trabalho no nosso país. Estamos em um mercado muito mais rápido, dinâmico e flexível, mas não vejo que todos os profissionais serão empregados no modelo CLT.
Hoje se tem muito trabalho disponível, mas não necessariamente no modelo CLT para todos. Os modelos e contratos de trabalho estão se voltando mais para o modelo PJ, consultoria e multi carreira.”
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Nessa perspectiva, quais os maiores desafios para os profissionais que desejam se recolocar no mercado de trabalho?
Taís Targa: “Talvez o maior desafio para quem deseja se recolocar no mercado seja manter a saúde mental, aguentando firme e com equilíbrio toda pressão. Muitos profissionais tinham um nome e uma carreira de prestígio no mercado e hoje estão longe dele.
Não é fácil esse momento de fazer entrevistas, não obter feedbacks sobre o processo seletivo. As pessoas participam de entrevistas e às vezes são mal atendidas. Muitas vezes, chega a ser humilhante esse processo de procurar um trabalho novo.
Além disso, se falando do Brasil, tem todo o contexto econômico e de instabilidade financeira. São muitas incertezas e questionamentos do tipo: “será que vou ser empregado mês que vem?” “Como vou pagar minhas contas?” Tudo isso é muito difícil em termos de otimismo.”
Para os profissionais de RH que trabalham com recrutamento e seleção, o que é preciso levar em consideração para contratar os melhores talentos?
Taís Targa: “O profissional de RH que trabalha com recrutamento e seleção precisa ser o mais curioso de todos, porque cada vaga é um mundo novo de possibilidades e necessidades.
Muda-se o vocabulário, as habilidades profissionais e a maneira de se trabalhar. Esse profissional precisa entender bem sobre a rotina de trabalho da área a qual busca um novo talento.
Hoje, o profissional de RH precisa estar atento para oferecer um serviço humanizado, pois ele entrega resultados de pessoas para pessoas.
É preciso ser ativo. Não adianta só anunciar a vaga e ficar na cadeira esperando os currículos chegarem. É preciso ir à luta, fazer pesquisas avançadas, buscar contatos com universidades e parcerias para divulgar as vagas, porque, em algumas áreas, nós temos um apagão de bons talentos, como tecnologia e marketing digital, por exemplo.
Ao trazer os melhores talentos, esse profissional faz a empresa ser mais competitiva no mercado. Por isso, destaco características como: atenção, dinamismo e uma proatividade acima da média.”
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Quais são os hard e soft skills que um profissional precisa ter para se recolocar no mercado de trabalho?
Taís Targa: “Em termos de hard skills, que são as habilidades técnicas, é um pouco difícil de falar, pois cada área tem a sua especificidade, mas posso citar: a afinidade com a tecnologia, estar atualizado quanto às mudanças na sua área de atuação e possuir experiência sobre o dia a dia da área.
No caso dos soft skills eu posso dizer que muitos recrutadores buscam pessoas animadas e com vontade de trabalhar, de se jogar mesmo nos desafios.
👉 Esse profissional precisa ter boas habilidades de comunicação, aprender rápido e ter uma capacidade didática para ensinar. Também destacaria o perfil lifelong learning, que é aquele profissional que se reinventa e consegue rapidamente virar a chave e mudar a sua mentalidade.
👉 Ele também está sempre buscando desafios; é uma pessoa inquieta que aprende tarefas e demandas como um autodidata.
Conversando com os profissionais de recrutamento do mercado eu percebi uma coisa: muitas pessoas são reprovadas em processos seletivos por uma coisa muito corriqueira: a falta de energia e paixão pelo que se faz. É preciso demonstrar isso nos processos seletivos. “
Como você decidiu trabalhar e se especializar na área de recolocação profissional?
Taís Targa: “Minha primeira oportunidade de trabalho foi na área de RH, mais precisamente com recrutamento e seleção. Nesse início eu pude trabalhar na empresa KPMG e posso dizer que esse lugar foi a minha grande escola.
Eu aprendi sobre RH em uma época que não existia o LinkedIn. Então, caçava os profissionais dentro das empresas mesmo, isso foi fantástico para mim. Desde então, eu trabalhei com Recursos Humanos, mas não especificamente com recolocação de profissionais.
Há 13 anos eu trabalho especificamente com recolocação com a minha própria empresa, mas a verdade é que eu sempre fiz isso informalmente. Eu ajudava Deus e o mundo a encontrar vagas de emprego. Foi então que eu pensei :“por que eu não posso fazer disso a minha fonte de renda e empreender?” Foi assim que nasceu a TTarga Carreira e Recolocação”.
Quais as principais diferenças entre as vagas de trabalho presenciais e remotas? O que é preciso levar em consideração em cada caso?
Taís Targa: “Primeiramente são as considerações pessoais. Muitas pessoas não concordam com o trabalho remoto, mas trabalham nessa modalidade. É preciso entender que no trabalho remoto precisamos ter mais criatividade e domínio de tecnologia.
É preciso, ainda, saber conduzir reuniões e gerenciar suas demandas e seus horários.
Para os líderes e gestores, não é preciso microgerenciar os profissionais para saber se estão trabalhando, mas liderá-los com base nas entregas e na coerência.
Nos dois casos, é preciso ter sabedoria para contratar profissionais que não dependam dos seus líderes para tudo.”
3 Dicas para profissionais que estão em busca de recolocação no mercado de trabalho
Anota aí as dicas práticas que a Taís Targa separou 👇
1. Busque uma consultoria especializada no processo de recolocação profissional
“Eu recomendo que as pessoas que possuem dificuldades com recolocação profissional procurem uma consultoria especializada nisso.
Eu faço isso e eu não estou fazendo minha propaganda, mas reforçando que isso é algo a se pensar, pois nesse mundo competitivo que vivemos hoje é importante ter alguém que entenda do assunto e que, com expertise e pouco tempo de mentoria, te ensine a procurar emprego na contemporaneidade. Afinal, o mercado mudou muito e a forma de se procurar emprego também, principalmente depois da pandemia.
Hoje temos vídeo currículo, entrevista, dinâmica de grupo e cases – tudo isso feito de forma remota e, para isso, é preciso de ajuda.”
2. Dê um upgrade no seu currículo
“Além de ter uma boa rede de relacionamentos online e offline, você precisa de um currículo atualizado e muito bem trabalhado com palavras-chave, formatação, gramática e ortografia, além de um bom resumo de qualificações nele.
Quando a oportunidade chegar ou aquele networking acontecer, é hora de enviar seu currículo e surpreender.
Deixo como dica também colocar no currículo os resultados que você deixou nos empregos anteriores e fazer treinamentos de como atuar em redes como LinkedIn e Peixe 30, que é uma nova rede que veio para ajudar pessoas que querem se recolocar; ela ajuda a criar vídeos de apresentação e formatar o currículo da maneira adequada. “
3. Busque informações e esteja preparado para a entrevista
“É inadmissível que nos dias de hoje – com a quantidade de informações na internet e no site da Feedz as pessoas não se preparem para uma oportunidade.
É preciso estudar a maneira certa de se procurar emprego. Informação se tem, o que falta muitas vezes é a disposição de estudar.
Concluindo: recrutar bons profissionais e buscar recolocação profissional depende muito de você!
A Taís Targa já deu o recado. Se você é um profissional que busca recolocação, existem dois caminhos para acelerar esse processo: ou você contrata alguém que o ajude a colocar todas essas dicas em prática ou se joga e mete a cara para fazer acontecer. O importante é não desistir, saber se vender e procurar as melhores oportunidades.
Se você trabalha com recrutamento e seleção, não deixe de se qualificar e buscar aprender sobre esse mercado que está em constante mudança e aceleração.
Confira essa palestra da Taís Targa junto com a Feedz sobre o Futuro do RH 👇