Você já deve ter reparado que o mundo está mais acelerado. Mudanças e imprevistos acontecem cada vez mais rapidamente, sendo que muitas vezes temos a sensação de que acompanhar tantas transformações é uma tarefa quase que impossível.
Se você tem essa sensação, a boa notícia é que não está só e existe até mesmo um termo para explicar isso: mundo VUCA.
Entender o que ele significa e como esse conceito impacta a gestão de pessoas é essencial para que empresas e profissionais estejam preparados para enfrentar os desafios de um cenário dinâmico e imprevisível. Então, bora lá!
O que é o mundo VUCA?
Para entender o que é o mundo VUCA, primeiro vamos ao acrônimo VUCA, que em português significa: Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade.
O conceito não é novo, pois surgiu na década de 1990 pelo Exército dos Estados Unidos para descrever o cenário geopolítico repleto de incertezas da era pós-Guerra Fria.
Bom, mas se o mundo VUCA nasceu em um contexto de forças armadas, o termo rapidamente ganhou força e se espalhou. Em 1992, o teórico polonês Zygmunt Bauman chamou essa nova realidade de “modernidade líquida”.
Segundo ele, nada é fixo em nossa sociedade, pois tudo é passível de mudança. Portanto, nós precisamos estar preparados para lidar com esse cenário incerto a qualquer momento.
E para você entender bem como o mundo VUCA afeta a nossa realidade, vamos dar uma olhada mais de perto no acrônimo:
Volatility (Volatilidade): Mudanças rápidas e inesperadas
A volatilidade tem a ver com a natureza instável e imprevisível das mudanças. No ambiente corporativo, isso pode ser observado em diversas áreas, como avanços tecnológicos repentinos e mudanças no mercado de trabalho.
Essa volatilidade exige que as organizações sejam rápidas para responder prontamente a essas mudanças. Quer um exemplo para ficar mais claro?
Na época da pandemia do COVID-19 as empresas tiveram que se adaptar implementando o home office e, consequentemente, trabalhar a cultura organizacional naquele novo contexto.
Uncertainty (Incerteza): Falta de previsibilidade
A incerteza torna tudo imprevisível. Essa falta de previsibilidade faz com que as organizações precisem se planejar levando em consideração diferentes cenários.
Por exemplo, o planejamento de RH pode ter como destaque a contratação de talentos especializados para uma determinada área. Contudo, é possível que não haja profissionais disponíveis no mercado, ou que seja difícil encontrar aqueles com um fit cultural.
Nesse caso, o RH pode optar por adotar um plano B, que é o de treinar alguns talentos da empresa para assumirem essas posições.
Complexity (Complexidade): Múltiplas variáveis interconectadas
Outro pilar do mundo VUCA, a complexidade diz respeito ao fato de que uma única mudança pode impactar diversas outras áreas, segmentos, indústrias etc.
Nesse sentido, as empresas precisam considerar diversos fatores, tanto internos quanto externos, antes de tomar uma decisão. Isso significa, também, avaliar como uma mudança em um departamento pode afetar outro.
Ambiguity (Ambiguidade): Falta de clareza sobre a melhor decisão
Para entender de fato o que é mundo VUCA é fundamental aceitar que, neste contexto de incerteza, complexidade e volatilidade, nada é 100% exato. Pelo contrário, o que existem são possibilidades e caminhos diferentes que podem ser tomados.
Especialmente em um mundo no qual somos bombardeados por informações e nossas empresas geram milhares de dados, o excesso pode deixar líderes e gestores ainda mais confusos.
Existe a frase que diz “cada escolha é uma renúncia”. O conceito de ambiguidade aborda isso, e aponta para o fato de que, muitas vezes, é preciso aceitar perder para, lá na frente, ganhar.
Qual a diferença entre o mundo VUCA e o mundo BANI?
O mundo BANI foi um conceito que surgiu nos últimos anos como uma alternativa ao mundo VUCA. Para esclarecer, o acrônimo BANI quer dizer:
- Brittle (Frágil): sistemas e estruturas que parecem sólidos podem se romper facilmente.
- Anxious (Ansioso): a incerteza gera ansiedade nas pessoas e nas organizações.
- Nonlinear (Não linear): os eventos não seguem uma sequência lógica e previsível.
- Incomprehensible (Incompreensível): existem situações tão complexas que parecem impossíveis de entender.
Perceba que ambos os conceitos, mundo VUCA e Bani, abordam uma sociedade em constante mudança e com desafios imprevisíveis. No entanto, existe uma diferença fundamental entre os termos.
O conceito VUCA foca em entender e antecipar o ambiente em mudança, já o BANI ajuda a entender o impacto das mudanças nas pessoas.
Como o mundo VUCA impacta o RH e a gestão de pessoas?
O RH é uma das áreas mais impactadas pelo mundo VUCA. Por exemplo, a ambiguidade pode gerar ansiedade e insegurança nos colaboradores.
Por isso, o recursos humanos precisa implementar políticas de bem-estar e engajamento que ajudem a minimizar os impactos emocionais do mundo VUCA.
Mas tem mais: como VUCA é sobre volatilidade e incertezas, é função do RH estar de prontidão para agir em situações inesperadas, como em casos de assédio na empresa, problema repentino entre colaboradores ou líder e liderado, entre outros.
Também na contratação e retenção de talentos o mundo VUCA deixa a sua marca na gestão de pessoas.
Por exemplo, se no passado era somente o salário que pesava na decisão de um colaborador, hoje entram em jogo variáveis como pacotes de benefícios, cultura organizacional e ambiente de trabalho.
Isso pode mudar amanhã, no mês seguinte ou nos próximos anos. Por essa razão, é preciso ficar atento e tomar uma postura proativa para reformular estratégias caso seja preciso.
Vale ainda chamar a atenção para a gestão de mudanças, que também faz parte deste cenário, já que a incerteza e a complexidade fazem com que as mudanças sejam inevitáveis.
Portanto, o RH tem o papel de liderar processos de gestão de mudança, garantindo que os colaboradores estejam preparados para se adaptar a novos cenários.
Quais competências são necessárias no mundo VUCA?
Os desafios trazidos pelo mundo VUCA e BANI exigem que as pessoas desenvolvam novas competências. Confira:
Para colaboradores
- Adaptabilidade: as pessoas precisam ser capazes de se ajustar rapidamente a mudanças, aceitando que elas são necessárias e uma parte natural do percurso.
- Resiliência: em um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo, a habilidade de se recuperar de adversidades o mais rápido possível é essencial.
- Pensamento crítico: já que somos bombardeados por informações, é preciso analisá-las de forma criteriosa para tomar decisões informadas.
- Colaboração: cada vez mais necessário, o trabalho em equipe visa encontrar soluções criativas para lidar com as imprevisibilidades.
Para líderes
- Visão estratégica: capacidade de trabalhar com diferentes cenários, antecipando possíveis mudanças para planejar ações de longo prazo.
- Tomada de decisão ágil: ser capaz de tomar decisões rápidas em meio à incerteza.
- Empatia: compreender as necessidades dos colaboradores – principalmente que essas necessidades podem mudar – e criar um ambiente de suporte.
- Comunicação clara: garantir que as informações sejam transmitidas de forma objetiva e compreensível.
Você quer saber como lidar com o mundo VUCA? Para navegar nesse contexto, o RH precisa estar atento às mudanças internas e externas e às necessidades dos colaboradores.
Realizar pesquisa de clima e pesquisa de engajamento ajuda a entender como os funcionários estão se sentindo e o que esperam da organização, o que permite ao RH tomar decisões mais informadas e assertivas.
É preciso também que os líderes sejam agentes de mudanças. Para tanto, o RH deve formar líderes capazes de tomar decisões rápidas e que tenham o foco no bem-estar de suas equipes.
Ainda sobre a liderança, uma estratégia para navegar no mundo VUCA é incentivar a tomada de decisões descentralizada, permitindo maior autonomia às equipes para que possam reagir de forma mais ágil aos desafios.
Igualmente importante é buscar reduzir a incerteza e a ansiedade entre os colaboradores. Isso é possível com uma comunicação constante e transparente sobre os caminhos que a empresa está tomando, as mudanças, os objetivos, entre outros.
Por fim, mas não menos importante, vem o feedback contínuo. Por meio dele é possível entender e esclarecer as preocupações dos seus funcionários, bem como antecipar problemas para agir proativamente de modo a evitá-los.
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