A inteligência emocional no trabalho é essencial para o desenvolvimento profissional e relações interpessoais.
Grande parte das atividades diárias se resume a negociar prazos com clientes, combinar como dividir as atividades com os colegas, pedir orientação técnica, enfim, se relacionar de forma propositiva com outras pessoas.
Por isso, a inteligência emocional é uma característica tão exaltada por recrutadores
Os profissionais que apresentam essa habilidade conseguem ter um maior autoconhecimento e agir sempre de forma consciente, mesmo em situações de tensão ou conflito.
Na prática, ter inteligência emocional no trabalho significa que os colaboradores usam sempre seu conhecimento para tirar o melhor das situações, sem deixar que os impulsos comprometam as entregas.
Essa habilidade está dentro do pacote de soft skills que os responsáveis pelo RH devem avaliar na hora do recrutamento. O quociente emocional não precisa ser o mais elevado, afinal, é possível ter ações para desenvolvê-lo ao longo do tempo.
Entenda nesse artigo o que é inteligência emocional no trabalho e como o RH pode avaliar e desenvolver o quociente em cada um.
O que é inteligência emocional
Inteligência emocional é a capacidade de reconhecer suas emoções e canalizá-las em um caminho positivo, para que elas ajudem a construir soluções e não gerem mais problemas.
Sabe aquela pessoa “pavio curto”, que ao mínimo estímulo explode, levanta a voz e se impõe de forma agressiva?
Certamente você já trabalhou com alguém assim. Por mais que seja um bom profissional, essa pessoa acaba por desmotivar o time, gera apreensão e pode, inclusive, inibir os outros.
A inteligência emocional não vai mudar essa pessoa e transformá-la em um exemplo de calmaria, mas ajuda a transformar o ímpeto de se exaltar em algo mais propositivo, como construir um plano de ação, ter uma conversa estruturada para resolver o problema, entre outros.
Para alcançar essas mudanças, a inteligência emocional é dividida em 5 pilares, de acordo com Daniel Goleman, psicólogo norte-americano conhecido por ter criado o termo em 1990:
- Autoconhecimento: saber identificar as emoções;
- Controle emocional: saber adequar as emoções de acordo com as situações;
- Automotivação: saber usar as emoções como incentivadoras;
- Reconhecimento de emoções em outras pessoas: saber ter empatia pelo sentimento dos outros;
- Relacionamento interpessoal: saber interagir de forma construtiva com os outros.
Por que utilizar a inteligência emocional no trabalho
A inteligência emocional no trabalho ajuda os profissionais a alcançarem sua melhor performance — e nem precisamos dizer o quanto isso é benéfico para as empresas.
Por meio dela, as decisões são tomadas de forma mais racional, a colaboração é facilitada e o clima da empresa ganha impulso.
As pessoas que têm esse índice desenvolvido conseguem lidar com situações que as deixam desconfortáveis de maneira estratégica, transformando sentimentos impulsivos e negativos, em ações planejadas e inteligentes.
Mas isso não quer dizer que quem tem inteligência emocional não é espontâneo. Os sentimentos dentro do ambiente profissional são ressignificados para gerarem ações positivas.
Com o tempo, esse processo é quase que automático, ajudando o profissional a expressar suas opiniões de forma natural.
Exemplo prático de como utilizar a inteligência emocional no trabalho
Quando um cliente questiona algo e vai direto falar com o líder da área com um tom de reclamação, é natural que o responsável pelo atendimento se sinta minimizado e injustiçado.
Nesse papel, muitas pessoas se auto sabotam e se desmotivam, o que acaba impactando na qualidade das entregas e virando uma bola de neve.
Se o profissional tem inteligência emocional, nesse caso, ele consegue entender o sentimento negativo e o que ele gera, evitando a auto sabotagem ao reprogramar essa sensação em algo que o motiva, que o faz ir atrás de seu líder, entender o problema e agir sobre ele.
Essa virada acontece tão rápido que, por mais que o primeiro impulso seja se sentir mal, o profissional logo inverte a situação.
Como avaliar a inteligência emocional na hora de contratar
Claro que essa habilidade pode ser trabalhada e desenvolvida no ambiente de trabalho — falaremos mais como adiante — mas o ideal é que na hora do recrutamento o índice de inteligência emocional seja levado em consideração.
Assim, algumas perguntas para o candidato podem ajudar a identificar o índice de inteligência emocional, como:
- Você persiste quando está frente a um novo desafio, não desistindo nas primeiras dificuldades?
- Você procura se colocar no lugar do outro, sendo compreensivo em relação aos momentos difíceis de outra pessoa?
- Você consegue manifestar suas emoções de acordo com as pessoas, situações e o momento oportuno?
- Você consegue controlar suas emoções, mantendo a calma nos momentos difíceis?
- Você tem uma visão realista de si mesmo, com adequada percepção de suas potencialidades e limitações?
- Você consegue superar seus sentimentos de frustração quando alguma coisa não dá certo, procurando aprender com as experiências negativas?
- Quando tem alguma dificuldade com outra pessoa, você procura conversar diretamente com ela, evitando fofocas e mal entendidos?
- Você perde a paciência com as pessoas de que gosta fácil?
- Você consegue expressar suas opiniões de forma clara e percebe que é ouvida com atenção?
- Você se sente seguro diante das outras pessoas?
Se a maior parte das respostas for positiva, a pessoa tem um índice mais elevado de inteligência emocional.
Claro que não precisam ser feitos todos os questionamentos, os recrutadores podem escolher os que fazem mais sentido para a rotina que o candidato terá e adaptar de acordo com a realidade da empresa.
Como desenvolver a inteligência emocional no trabalho
Mesmo que o índice de inteligência emocional do candidato não seja dos mais altos, não é preciso eliminá-lo do processo seletivo.
Isso porque existem ações que podem ser feitas para desenvolver essa habilidade e aprimorá-la.
Separamos 5 passos que levam a uma maturidade dessa habilidade e que podem ser incentivados por meio de ações da área de Gestão de Pessoas, confira:
1. Autoconhecimento:
O primeiro passo é saber qual a sua reação natural para cada situação, quais sentimentos prevalecem, o que tais sentimentos causam em você e como isso impacta no seu trabalho. Mapear isso leva tempo e necessita de disposição. Por isso, experimente:
- Anotar quando um sentimento ruim ou muito bom prevalece.
- Anotar o que causou esse sentimento
- Anotar como foi sua reação e atitude a partir dele.
Isso ajuda a identificar padrões e reformular os que forem negativos, caminhando para ações estratégicas e inteligentes.
2.Autoconfiança:
Ser inteligente emocionalmente está intimamente ligado a falar com propriedade, passar segurança e demonstrar seus conhecimentos com clareza.
Coisas que podem ser um desafio para quem não tem autoconfiança.
Para desenvolver essa habilidade tente:
- Explicar para alguém ou escrever um texto sobre o que você faz no seu dia a dia e sobre suas maiores conquistas profissionais;
- Perguntar para as pessoas quais são seus pontos fortes profissionalmente;
- Se arriscar em novos desafios e analisar o resultado deles.
3. Saber lidar com emoções negativas
Depois que você mapeou suas emoções, o que as causa e quais são suas reações naturais é hora de ressignificar as atitudes negativas.
Quando perceber uma situação que é gatilho para um sentimento ruim ou sentir essa emoção tomando conta, tente esses passos:
- Primeiro: respire. Não faça nada no impulso.
- Olhe para a causa e pense na solução não no problema.
- Envolva outras pessoas, converse para expor seu ponto e tentar chegar a um consenso.
Ter esse controle sobre as emoções negativas faz com que naturalmente sua reação se torne construtiva e não de auto sabotagem.
4. Saber lidar com pressão
O que mais tira as pessoas do sério é a pressão para que algo seja feito depressa ou perfeito. É aí que mora o perigo, afinal, poucas pessoas conseguem tirar o melhor de si sob pressão.
Quando a ansiedade bater e você perceber que está perdendo o controle, volte para os passos de como lidar com as emoções negativas. Para não chegar a esse ponto, tente:
- Listar todas as tarefas que precisa fazer em um dia, os prazos de entrega e os compromissos assumidos em uma agenda.
- Entender o quanto de demanda consegue fazer com qualidade em um dia;
- Aprender a pedir ajuda ou dizer não.
Assim, é possível controlar a quantidade de demanda e o prazo delas, sempre deixando uma margem confortável para evitar ter que lidar com a pressão.
5. Seja empático
Até agora falamos de ações voltadas para o “eu”, mas para ter inteligência emocional é preciso também olhar para o outro. Por isso, a empatia é tão importante.
Entender qual o limite do outro, quando é a melhor hora para falar, quanto as pessoas estão mais ou menos receptivas é essencial para uma troca positiva.
Dicas para o RH contornar algumas emoções dos colaboradores
Existem alguns gatilhos comuns que tendem a gerar um sentimento negativo nos colaboradores e que ações simples da área de RH podem ajudar a evitar ou contornar, impulsionando a inteligência emocional.
Veja alguns exemplos de problemas e ações que podem ajudar a contorná-los.
Trânsito
É possível flexibilizar o horário de entrada do colaborador? Por exemplo, entrar um pouco mais tarde, saindo um pouco mais tarde. Que tal identificar os principais dias de pico e planejar home-office nesses dias?
Problemas Pessoais / Preocupação com família e amigos
Um simples abraço com: “Vamos almoçar juntos?” ou “Tá tudo bem hoje? Quer conversar?” já faz a diferença. Dar flexibilidade para o colaborador sair mais cedo para resolver o problema pode ajudar também.
Desmotivação / Falta de reconhecimento / Desprezo
Que tal chamar o colaborador para um one-on-one? É importante identificar os seus objetivos e expectativas na empresa. Vamos celebrar com mais frequência as vitórias individuais desse colaborador? Ser reconhecido é fundamental! O que acha de solicitar mais feedbacks para esse colaborador?
Cansaço / Stress
Será que esse colaborador está com desvio ou acúmulo de função? Nada melhor que um bate-papo pessoalmente para um realinhamento de escopo. É uma situação passageira? Que tal dividir as funções desse colaborador entre duas pessoas? Um ajuda o outro. Um dia de folga é melhor que cinco dias de improdutividade.
Insatisfação
Nada melhor que um bate-papo pessoalmente para entender os motivos da insatisfação. Será que é o momento de rodar uma Pesquisa eNPS com um setor ou com toda a empresa? Por ser anônima, a depender do perfil do colaborador, algumas pessoas se sentem mais à vontade para falar.
Torne a inteligência emocional uma característica do negócio
A inteligência emocional no trabalho, portanto, ajuda os colaboradores a desenvolverem a melhor versão de si mesmos, alcançando sua plenitude profissional. Para a empresa, isso se reflete em maior motivação, engajamento e produtividade.
Essa habilidade pode ser um diferencial na hora da entrevista, mas também pode ser desenvolvida com ajuda de ações do RH.
Na sua empresa, existe uma cultura de inteligência emocional? Conte para gente.