Independentemente da função para a qual se procura um candidato, a fase da entrevista é uma das etapas mais importantes do processo de recrutamento e seleção. Entre as estratégias que podem ser adotadas nesta frente, um dos destaques é a entrevista semiestruturada.
Esse modelo une o que há de melhor em outras duas estratégias bastante conhecidas pelo RH: a entrevista estruturada, que possui regras e um roteiro fixo, do qual não se deve sair, e a entrevista não estruturada, que permite uma conversa mais espontânea entre o entrevistado e o recrutador.
Ficou curioso(a) para saber mais sobre essa técnica? Então vem com a gente, pois vamos te explicar todos os detalhes sobre o tema a partir de agora!
O que é uma entrevista semiestruturada?
Uma entrevista semiestruturada é uma reunião em que o entrevistador não segue estritamente uma lista formalizada de perguntas. Em vez disso, ele faz perguntas mais abertas, permitindo uma conversa com o entrevistado, em vez de um formato direto de perguntas e respostas.
Inclusive, como explicamos brevemente na introdução do artigo, a entrevista semiestruturada reflete uma mistura de outras duas técnicas comumente utilizadas pelos recrutadores: a entrevista estruturada e a entrevista não estruturada.
Isso significa que, neste modelo “intermediário”, algumas questões são determinadas pelos recrutadores com antecedência, mas existe liberdade para que outras perguntas possam surgir ao longo da conversa com o candidato.
Ao unir o melhor dos dois mundos, a entrevista semiestruturada é considerada uma ótima alternativa para a equipe de recrutamento e seleção, principalmente, quando se está trabalhando vagas e funções em que é necessário entender a desenvoltura do candidato.
Vale dizer que, mesmo que haja um pré-roteiro, com questões que precisam ser elucidadas sobre as competências do candidato, a entrevista semiestruturada permite que a pessoa responsável pelo processo seletivo conduza o bate-papo com o profissional à sua frente sem ter um roteiro rigoroso a ser seguido.
Em uma vaga para o time Comercial, por exemplo, a pessoa responsável pelo recrutamento deve preparar perguntas que tragam respostas de valor para o gestor desta área em específico.
Ainda assim, o diferencial da entrevista semiestruturada está na liberdade de criar. Ou seja: o recrutador é livre para levantar novas questões conforme a conversa se desenrola. Essa técnica é vantajosa, principalmente, na descoberta das soft skills.
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Vantagens e desvantagens da entrevista semiestruturada
Com base no que falamos anteriormente, você já deve ter em mente quais são algumas das vantagens que a entrevista semiestruturada pode trazer dentro de um processo seletivo, não é mesmo?
Mas, para que nenhuma delas fique de fora do seu radar, preparamos uma lista com as três principais:
- Conversa mais flexível: entender quais são as softs skills dos candidatos é uma vantagem da entrevista semiestruturada na medida em que um cenário de conversa mais amigável é criado. Além disso, o papo acaba ficando mais fluido por não haver tempo de duração determinado;
- Maior troca: todo esse contexto também deixa o entrevistado à vontade para fazer perguntas. Assim, dúvidas que normalmente ele guardaria ou deixaria para uma próxima etapa já são tiradas logo de cara;
- Poder de comparação: fazer perguntas conforme o andamento da entrevista faz com que o recrutador tenha informações únicas de cada candidato. Ao contrário de quando se pergunta a mesma coisa para todos – quando isso acontece, pode-se obter uma resposta padrão.
Pontos de atenção
Agora que estamos na mesma página com relação às vantagens, é importante alertá-lo sobre os “pontos de atenção” dessa metodologia. Mas não se preocupe, pois são poucos.
Para obter o resultado esperado, é desejável que o recrutador reúna as seguintes características:
- Experiência: não é recomendado que um profissional inexperiente aplique entrevistas semiestruturadas. É preciso um recrutador maduro e que tenha jogo de cintura para fazer as perguntas certas;
- Confiança: além de estar preparado, é muito positivo quando o recrutador demonstra estar confiante com relação ao bate-papo. Afinal, é ele quem irá conduzir a ocasião;
- Preparo psicológico: já passou por alguma entrevista em que a pessoa de seleção te induzia à resposta? O preparo psicológico é fundamental para evitar que isso aconteça e impedir o entrevistador de dar dicas inconscientes ao entrevistado.
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O passo a passo para realizar uma entrevista semiestruturada
Antes de sair preparando seu pré-roteiro para a entrevista semiestruturada, você deve entender que nem todo perfil de vaga demanda essa metodologia no processo seletivo.
Portanto, lembre-se: alinhar o perfil ideal de candidato junto à companhia e ao gestor da área é a primeira coisa que você deve fazer.
No geral, o uso desse tipo de entrevista é mais recomendado na busca por profissionais de áreas que exigem poder de flexibilidade e adaptação.
Nestes casos, a união de um bom briefing + um profissional qualificado de recrutamento, tende a resultar em uma contratação bastante assertiva ao final de todo o processo.
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Para que você possa realizar uma entrevista semiestruturada com mais tranquilidade, trouxemos aqui algumas dicas que certamente vão te ajudar na condução do bate-papo. Vamos lá?
1. Antes da entrevista:
- Defina em quais tópicos ou competências você concentrará as suas perguntas. Assim, você vai conseguir pensar em perguntas que de fato tragam respostas úteis para o seu processo seletivo;
- Escreva um guia de perguntas. Dessa forma, você evita que o foco seja perdido enquanto, por uma vez ou outra, você e/ou o candidato saiam do roteiro pré-estabelecido. Com o guia, será fácil voltar ao foco;
- Geralmente, as perguntas de uma entrevista semiestruturada começam com termos como “Por quê?”, “Como?”, “O que?”, “Quem?” e “Quando?”. Percebe como perguntas que se iniciam desta forma não podem ser respondidas com um simples “sim” ou “não”? Essa é a intenção!
2. Durante a entrevista:
Para te ajudar a ter uma ideia de quais tipos de questões colocar em seu pré-roteiro, separamos alguns exemplos do que pode ser perguntado durante a entrevista:
- Por que você se considera a pessoa certa para o cargo?
- Como você chegou até essa oportunidade?
- Como você costuma se relacionar com colegas de trabalho?
- Qual é a sua experiência nessa área?
- Quais são seus pontos fortes e fracos para assumir essa função?
- O que você conhece sobre a empresa?
- Como você pode contribuir para a empresa?
Caso opte por estruturar sua entrevista baseando-a nas competências da função que busca, a dica é procurar respostas nas experiências do candidato.
Você pode pedir, por exemplo, para que o entrevistado conte uma experiência positiva e uma negativa no relacionamento com os colegas de trabalho, considerando o último emprego dele.
Viu só? Essas são perguntas que servem como “gancho” para que o candidato à vaga desenvolva o assunto. Ele obrigatoriamente trará uma resposta mais complexa e você poderá aproveitar para tirar o máximo de informações possíveis.
E atenção, pois aqui vai uma dica de ouro: caso seja preciso analisar um cenário com muitos candidatos, também recomendamos a entrevista semiestruturada. Afinal, ela vai permitir a maior diferenciação dos profissionais.
Considerações finais
Como você viu até aqui, a entrevista semiestruturada pode trazer grandes vantagens na busca pelo candidato ideal – é por isso, inclusive, que ela tem ganhado cada vez mais espaço nas organizações.
Além de contar com um profissional preparado para conduzir essa conversa, definir o fit cultural e o perfil técnico do que se busca para a vaga também é fundamental para que sua empresa consiga alcançar os resultados esperados a partir desta técnica.
Esperamos que esse texto tenha ajudado você a entender um pouco mais sobre a entrevista semiestruturada. Se quiser aprender mais sobre esse assunto, recomendamos que veja o artigo “50 exemplos de perguntas para entrevista por competências”.