Conseguir resolver conflitos de forma pacífica e construtiva é o sonho de qualquer gestor de pessoas. E o caminho para que esse objetivo seja alcançado passa, inevitavelmente, pelo incentivo da comunicação não violenta no ambiente de trabalho.
Embora seja mais conhecida nos contextos familiares e educacionais, a cada dia fica mais claro que essa técnica também pode ser extremamente benéfica no mundo corporativo. Afinal, uma boa comunicação interna é o coração de qualquer negócio.
Ficou animado (a) para se aprofundar nesse assunto e entender melhor como funciona a aplicação da comunicação não violenta no trabalho? Então vamos em frente!
O que é comunicação não violenta (CNV)?
A comunicação não violenta, também conhecida apenas como CNV, é uma metodologia sintetizada pelo psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg, autor do livro que leva o nome da técnica.
Na publicação, Rosenberg definiu a CNV como uma abordagem da comunicação, que compreende as habilidades de falar e ouvir e que leva os indivíduos a se entregarem de coração.
Ao fazer isso, seu objetivo é possibilitar uma conexão maior entre todos os envolvidos e, assim, gerar mais compreensão, compaixão e colaboração nas relações pessoais, profissionais e até do indivíduo para com ele mesmo.
É por isso que, ao ser aplicada no trabalho, essa abordagem tende a resolver muitos problemas de comunicação interna e, assim, contribuir com um ambiente mais agradável para todos.
4 componentes da comunicação não violenta
Em linhas gerais, a aplicação da comunicação não violenta envolve ouvir com empatia e se expressar honestamente. E, como você deve saber, ambas as tarefas estão longe de serem fáceis.
Para auxiliar nesta prática, Marshall Rosenberg nos convida a prestar atenção em quatro elementos principais quando nos comunicamos com alguém:
1. Observação
Na CNV, a observação nada mais é do que a descrição factual de algo que aconteceu, sem considerar noções preconcebidas – ou seja, o famoso julgamento.
A ideia aqui é olhar para uma determinada situação e apenas compreender o que você gosta ou não nela, sem necessariamente atribuir valor.
Afinal, quando avaliamos e julgamos, corremos o risco de reforçar preconceitos e diminuímos as nossas chances de sermos compreendidos.
2. Sentimentos
Após observar a situação, será a hora de entender e pontuar quais são os sentimentos que ela provoca em você. É isso o que nos permitirá expressar a forma como recebemos o acontecimento.
Segundo Rosenberg, falar sobre o que sentimos e trazer as nossas vulnerabilidades à tona favorecem a criação de conexão.
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3. Necessidades
Grande parte dos conflitos nasce de necessidades que não foram atendidas. Por isso, após dar nomes aos sentimentos, o próximo passo da CNV é entender quais são as necessidades ligadas a eles.
Por exemplo: se alguém sente raiva ao ter a fala interrompida, esse sentimento pode indicar a necessidade de maior consideração e respeito por parte de quem a interrompeu.
4. Solicitações
Uma vez compreendida a necessidade, será a vez de fazer uma solicitação que ajude a atendê-la e que dê ao outro a oportunidade de colaborar com aquilo que é importante para nós.
Aqui, o segredo está em ser o mais claro e específico possível, para facilitar a compreensão de quem nos ouve. Mas é importante ter em mente, também, que ainda assim o outro tem o direito de nos dizer não.
Exemplos práticos de como utilizar a comunicação não violenta no trabalho
Mesmo conhecendo os componentes da CNV, pode ser que a aplicação deste conceito não tenha ficado totalmente clara, não é mesmo?
Bom, para ampliar a compreensão sobre o assunto, veja um exemplo que o próprio Marshall Rosenberg apresenta em seu livro ao descrever o cenário de uma mãe que se sentia frustrada com o filho, que deixava meias espalhadas pela casa.
Ao invés de repreender a criança ou julgá-la, ela aplicou os componentes da CNV da seguinte forma:
“Quando vejo dois pares de meias sujas debaixo da mesa de centro e outros três ao lado da TV, eu me sinto irritada porque estou precisando de mais ordem nos quartos que compartilhamos em comum. Você estaria disposto a colocar suas meias no seu quarto ou na máquina de lavar?”.
Aposto que agora ficou mais fácil de entender, né? Mas, como o nosso foco é a adoção da comunicação não violenta no ambiente de trabalho, separamos também dois exemplos que se aplicam às empresas. Acompanhe:
Exemplo 1
Lembra quando mencionamos a situação da profissional que é interrompida no meio de uma fala? Bom, uma forma de lidar com esse cenário, levando a CNV em consideração, seria dizer:
“João, quando você interrompe a minha fala durante a reunião (observação), eu me sinto desrespeitada e com raiva (sentimento). Quero sentir que as minhas opiniões também possuem valor (necessidade). Você poderia aguardar eu concluir minha linha de pensamento para então compartilhar a sua? (pedido)”.
Exemplo 2
Agora imagina um cenário no qual um chefe tem o hábito de gritar com os colaboradores. Uma forma de lidar com ele, levando a CNV em consideração, seria dizer:
“Jorge, quando você grita comigo na frente de outros colegas (observação), eu me sinto diminuída e triste (sentimento). Gostaria de sentir que sou respeitada e que você, enquanto meu superior, se preocupa com o meu desenvolvimento (necessidades). Você poderia me chamar para conversar em particular quando tiver algo importante para me dizer? (pedido)”.
Aqui vale pontuar que nem toda declaração do CNV precisa, necessariamente, cumprir com essa estrutura. Há outras frases que podem ser adotadas para promover conversas produtivas e não violentas, como:
- Você poderia compartilhar o que levou a essa conclusão para me ajudar a entender sua perspectiva?
- Que tal esclarecermos as expectativas para que possamos estar na mesma página?
- Estou me perguntando se seria possível estender o prazo de entrega do projeto em uma semana. Você estaria disposto a isso?
Exercitando a comunicação não violenta no ambiente de trabalho
Como os exemplos acima devem ter evidenciado, a CNV tem o poder incrível de minimizar ruídos, evitar conflitos e melhorar o clima nas organizações. E é justamente por isso que ela é tão valiosa nesses espaços!
Como já dissemos em outro post, a comunicação eficaz no mundo corporativo é a chave para a construção de equipes mais engajadas e produtivas.
Pensando nisso, separamos algumas orientações que podem ser passadas aos gestores de pessoas da sua empresa, a fim de promover a comunicação não violenta no ambiente de trabalho. Vamos lá?
Em meio a uma situação de conflito entre membros do time, oriente as lideranças a:
- Observar a situação de forma objetiva e pedir para que cada uma das pessoas envolvidas conte o que aconteceu a partir do ponto de vista delas;
- Perguntar como os colaboradores se sentiram após ou durante o conflito. Uma forma de fazer isso é pedindo para eles listarem de dois a três sentimentos;
- O próximo passo é identificar quais as necessidades deles que não estão sendo atendidas. O gestor pode, por exemplo, questionar porque algo é importante para o colaborador;
- Por fim, a missão é entender quais ações concretas podem ser tomadas para resolver o problema e mapear as solicitações. Isso pode ser feito a partir das seguintes perguntas: “Como você gostaria de seguir em frente?” e “Qual suporte você precisa?”.
Esperamos que as dicas contidas aqui ajudem a sua empresa a construir uma comunicação mais eficiente, positiva e empática. Se esse conteúdo foi útil para você, não deixe de assinar a nossa newsletter para continuar por dentro dos artigos da Feedz!
Respostas de 2
conteúdo maravilhoso, didático, completo, de comunicação clara, objetiva e direcionando o equilírio entre razão e emoção
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